Monday, October 5, 2009

Companhia do Coaching entrevista João Luiz Pasqual


Cia do Coaching: João gostaria que você mesmo se apresentasse nesta entrevista.

João Luiz Pasqual, atuei no mercado financeiro no Brasil e no Exterior (América do Sul e Europa) por 34 anos. Fui, nos últimos 17 anos Diretor Executivo responsável por Tesouraria e Área Internacional em instituições como: Banco Real, UNIBANCO, Banco Sudameris e Banco ABN AMRO Real. Graduado em Matemática pela PUCC-Campinas e UNIP-São Paulo, com MBA em Comércio Internacional pela FIA/USP e extensão na Université Pierre Mendès, em Grenoble na França. Sou Senior Coach com formação Arvoredo-FIA/USP, ICI-Brasil, membro da International Coach Federation e diplomado pelo INSEAD-Fontainebleau-França no curso Consulting and Coaching for Change, onde também recebi o Diploma In Clinical Organizational Psychology. Sou membro associado da ICF – International Coaching Federation dos EUA. Sou também membro do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
Atuei fortemente como Coach interno e Mentor do Banco Real até Agosto de 2008. Hoje sou Sócio-Diretor do Arvoredo-Assessoria em desenvolvimento Ltda.


Cia do Coaching: Nos conhecemos pelas relações de trabalho na empresa na qual trabalhamos juntos, cursamos algumas formações comuns, e você tem uma formação no exterior também, pode nos contar um pouco sobre este curso na França? Metodologias, abordagens adotadas etc.


É verdade, tive a honra de participar, ainda como executivo do mercado financeiro, de uma formação no INSEAD, com 18 meses de duração, chamado Consulting and Coaching for Change, uma proposta para que as pessoas que por lá passam, adquiram conhecimento para entenderem com profundidade, o papel do comportamento humano na performance organizacional. A proposta é inovadora, apesar dos já quase dez anos de existência, por trazer o conceito do “clinical approach” permitindo e promovendo uma transformação importante em cada indivíduo, na busca da interiorização dos drivers básicos do comportamento humano bem como, a identificação e a gestão das dinâmicas das equipes e das organizações.

Cia do Coaching: Alguma diferença acentuada nos conceitos de coaching? Ou alguma outra que tenha chamado sua atenção?

Não, mas a consolidação dos chamados pontos vitais de um bom Coach que seja reflexivo por excelência e um poderoso agente de mudança, visando sempre a combinação – ideal – de pessoas, organizações e objetivos corporativos.

Cia do Coaching: No banco que trabalhamos juntos, você já exercia o papel de líder coach? Quais frutos colheu? Que conselhos poderia dar para executivos que estão ainda no início desta fase?

Acredito que eu exercia sim, o papel do líder coach, e foi assim que colhi, vários frutos, por exemplo, em várias situações de pós aquisição, o índice de aproveitamento de minha equipe, historicamente foi elevado. E, reconhecidamente, como uma equipe de alta-performance. Durante a vida profissional, recebi sempre muitos feedbacks que as pessoas gostavam de trabalhar na minha área e comigo também.
Não daria conselhos, mas faria uma provocação para que os executivos que se encontrem no início desta fase, não desistam e perseverem na busca do auto-desenvolvimento e promovam sempre um bom ambiente de trabalho, pois não é fácil buscar isso em organizações que não estejam maduras, para acolher esta postura do líder coach e muitas vezes, trocam os resultados de médio e longo prazo, pelos de curtíssimo prazo.


Cia do Coaching: João Luiz, você tornou-se sócio de uma empresa que também faz Formação. Que coisas tem enfrentado? Algum tipo de assédio para parcerias, por exemplo? Enfim, que coisas são essas?


Bem, no Arvoredo, não fazemos formação de Coaches, mas do líder-coach, e temos um programa em parceria com a FIA/Progep com encontros semanais por um prazo de seis meses. O programa é baseado na ampliação da percepção e na elevação do nível de consciência das pessoas; instiga a curiosidade natural do Ser Humano e sua criatividade. O processo de formação lida todo o tempo com mudanças e transformação e com a resistência à mudança.
Trabalha, além de conceitos, função e instrumentos do Coach, posturas fundamentais de um Coach que são: O acolhimento, o ver, a escuta, o saber se colocar no lugar do outro, a interferência e o uso do feedback, o uso do poder e a tomada de decisão. Temos feito algumas parcerias com empresas de search, para Coaching Individual que não concorrem com o que fazemos e nós – arvoredo – não concorremos, além de termos um alinhamento natural de conceitos e valores.
Tem dado muito certo e mais uma vez, comprovamos que tudo que se faz com método, organização e paixão resulta em êxito.

Cia do Coaching: Como foi esse processo de passar de executivo de um dos maiores bancos no Brasil para o exercício do ofício de Coach? Considera um privilégio o networking?

O processo transitório foi lento, bem planejado, com muita preparação interior para largar as amarras corporativas, o que costumo chamar de “algemas de ouro”. Não menos importante, foi a dedicação para a preparação técnica, acadêmica essa de longo prazo e que acredito não para nunca, o ofício de Coach exige muito estudo e uma abertura para o aprendizado. Não cabe como muitas vezes somos induzidos a pensar no mundo corporativo, que já sabemos tudo. A humildade faz parte de uma das características vitais do Coach. Para mim, o networking é peça fundamental para que a transição entre carreiras seja feita, não é um exercício tão óbvio, mas que requer muita disciplina e abnegação.
O grande segredo, é saber nutrir o seu networking de forma legítima, limpa e sempre de forma transparente, lembrando que o a troca precisa ser justa e equilibrada, tem que ser na base do ganha-ganha, se só um ganha não funciona.

Cia do Coaching: Na instituição na qual nos conhecemos, os programas de desenvolvimento das lideranças é bastante forte. Qual é a sua leitura do mercado neste momento? Considerando a crise iniciada em 2008, suas percepções etc.

Não dá para generalizar, mas acho que durante o auge da crise, muitas empresas ficaram paralisadas, e acabaram abandonando ou deixando para um segundo plano, programas de desenvolvimento que levaram anos e muito investimento para desenvolverem. Ledo engano em minha opinião.
As empresas que persistiram em manter os planos de desenvolvimento das equipes estão mais bem preparadas para as oportunidades que a própria crise oferece, estarão mais fortalecidas em momentos de retomada da economia, que embora discretamente, já dá sinais de recuperação.

Cia do Coaching: Algum conselho para empresas que oferecem programas de coaching? Ou para alunos (se é que está dando aulas)

Houve uma retomada dos processos de Coaching individual para os executivos das empresas, e muitos Executivos teem me procurado para o Coaching por iniciativa privada, sem o apoio da empresa, fato que reputo como um momento de muita consciência desses executivos, que buscam serem pessoas diferenciadas, e nestes casos, os preços são mais acessíveis, até por ser uma recomendação da ICF no código de ética.
Também tenho alguns processos Pro-bono, quando considero no caso a caso que o Coachee precisa passar pelo Coaching, não tem condição de remunerar meu trabalho, mas, oferece dentro do que já mencionei, a possibilidade de troca, desafio, aprendizado e vivência para que eu me desenvolva como pessoa e Coach.
Tenho muito cuidado com a linguagem, e conceitos, quando estamos em contato com potenciais contratantes, pois há muita confusão no nosso mercado.
O Arvoredo é pioneiro em Coaching de Equipe, tendo iniciado em 1998 nessa área um primeiro trabalho para líderes de empresas, um grupo de Coaching com foco em Criatividade. Depois lançou, em novembro de 2000, o seu e-training “Coaching - Posturas Fundamentais de um Coach”, um programa híbrido cuja base se encontra em CD-ROM, complementado pela reflexão e troca entre os participantes, em encontros presenciais, sobre a realidade em que atuam e sua ação transformadora dessa realidade. Trata-se de um trabalho que atinge direta ou indiretamente todos os colaboradores de uma organização, que passam a atuar de forma integrada e criativa, tornando a empresa um organismo vivo, que caminha em direção aos melhores resultados para si e para todos que dela fazem parte.

Cia do Coaching: Como você vê a qualidade dos cursos de formação de coaches? Há uma quantidade de coaches sendo despejados no mercado e com n qualificações de tipos de coaching. Pode comentar esta questão?

Concordo que há uma oferta enorme de formações, que despejam Coaches no mercado, claro que algumas muito sérias, éticas e cuidadosas, outras nem tanto. Por isso eu me dedico muito ao combate de tais confusões conceituais, e acredito que teremos muito trabalho, pois infelizmente o Ofício ainda não é regulamentado e a não regulamentação, deixa espaço pra que aconteçam exageros e entidades e pessoas inescrupulosas sobrevivam.

Cia do Coaching: Como você vê a questão de um Coach Interno na empresa?

O assunto é muito delicado, eu já fui Coach interno no Banco, o processo funcionou, mas poderia ter dado muito errado, pois os riscos de conflito de interesse são enormes e o aspecto confidencialidade pode ser comprometido.
Mesmo tendo passado por um processo que deu certo, eu não recomendo que as empresas adotem o conceito. Apoio fortemente os processos de “Mentoring” que é claramente diferente e atende necessidades específicas das corporações, mesmo assim, o processo deve ser planejado e muito bem implantado, do contrário, não funciona. E o processo de “Mentoring” deve ser monitorado pela empresa.

Cia do Coaching: Que resultados / métricas você tem contratado nos processos de coaching?

O processo de Coaching no Arvoredo não é algo que acontece ao Coachee, mas sim algo que acontece ATRAVÉS do Coachee.
No programa de Coaching Executivo e Individual do Arvoredo, o Coachee é sujeito e dono do seu próprio processo de desenvolvimento, aprendendo a descobrir, na prática, como utilizar melhor suas capacidades e possibilidades, assumindo novas posturas, ampliando a qualidade do seu desempenho pessoal e profissional.
O papel do Coach Arvoredo é proporcionar ao Coachee um espaço propício ao seu desenvolvimento, no qual a curiosidade e o desejo de buscar mais para si são as molas propulsoras do processo, levando-o a produzir e criar de forma genuína e com resultados especiais.
Eu não contrato métricas de resultados, o trabalho entre o Coach e o Coachee permanece dentro dos limites da relação dos dois, sendo que o Coach não tem o direito de discutir nada do que se passa no processo com a empresa (a não ser que aconteça um excepcional pedido da parte do próprio Coachee, com sua total conivência). Este é um trabalho que exige, mais que outros, um forte contrato de confiança entre a empresa e o consultor.

Cia do Coaching: Estamos num blog aberto, existe alguma questão, preocupação, enfim, algo que você gostaria de chamar atenção neste universo de coaches, coachees, potentials, processo de coaching, formações?

Sim e acho, respondo a estas questões nas perguntas que se seguem. Minha maior preocupação, é que nosso mercado se auto-regule, até que a profissão seja regulamentada.

Cia do Coaching: O que você pensa a respeito de Certificação pelo ICF? É um processo que demanda tempo e dinheiro por parte do Coach. Como você vê esta questão? É uma tendência?

È definitivamente uma tendência, e as empresas cada vez mais, demandarão uma credencial dos Coaches contratados. Eu reputo a ICF como uma excelente instituição, que luta há muitos anos pela regulamentação da profissão. Acho que o processo de Certificação é necessário, para disciplinarmos conceitos, atitudes e comportamentos de muita gente que se diz Coach, mas faz tudo menos Coaching.
Tempo e vivência, fazem parte da boa formação, por isso, sou favorável e a ICF mais uma vez tem envidado esforços para baratear os custos das Certificações, e quanto mais nos engajamos como Coaches a estes movimentos, por exemplo, participando das pesquisas que a entidade promove, mais fazemos a nossa parte, para a regulamentação da profissão.

Cia do Coaching: O que anda lendo, estudando, discutindo, assistindo, para o seu desenvolvimento contínuo? Poderia recomendar algo que considera importante, para os interessados na causa Coaching?

Tenho estudado muito, com uma carga de leitura apaixonante. Estou neste momento, relendo o livro “The Leader on the Couch” de um prefessor do meu curso no INSEAD, Manfred Kets de Vries, e acabo de ler o livro O andar do Bêbado de Leonard MLODINOW, que é um verdadeiro guia de como o aleatório, afeta nossas vidas.
Recomendo que os interessados na causa de Coaching se associem a alguma entidade séria e respeitada neste mercado, que tenha um código de ética bem divulgado, e que busquem sempre uma certificação séria de longo prazo.

Cia do Coaching: O Blog Companhia do Coaching agradece a sua entrevista.

Agradeço a oportunidade e parabenizo sua iniciativa, são veículos como o Blog, Companhia do Coaching, que farão a diferença nesse mercado, oferecendo informação com seriedade e transparência à sociedade e às empresas.

10 comments:

Monica Dalge said...

Pava e João, parabéns pela entrevista.
João, como ex-aluna da Arvoredo, funcionária do Real agora Santander e Coach formada pelo Instituto Eco Social estou sempre atenta aos seus passos profissionais, admiro a sua formação e sua disposição para o aprendizado. A Arvoredo foi a janela de meu auto-desenvolvimento que felizmente não parou desde então. abs, Monica Dalge

PASQUAL said...

Querida Monica, agradeço muitíssimoseu carinho, e fico feliz em saber da sua trajetória pós arvoredo.
Por favor mantenha o contato.

Blessings!

João Luiz

Unknown said...

Prezado João, tudo bem?

Que entrevista ótima! Parabéns! Saudades! Você sabe como ninguém o quanto fui - e ainda sou - "apaixonado" pelo produto do arvoredo "Coaching: posturas fundamentais de um líder/coach".
Anseio revê-lo! Um forte abraço,

Oswaldo Ogihara.

PASQUAL said...

Caro Oswaldo, bom dia!

Agradeço seu comentário e coloco-me à disposição. Precisamos mesmo nos rever, faz algum tempo.

Meu celular continua o mesmo, bom fim de semana prolongado.

Forte abraço!

João Luiz

Eduardo Bomfim said...

Oi Joao
que surpresa boa reve-lo por aqui. Fico com sauddades dos tempos que estvemos juntos em visitas a clientes , em atender alguma operacao, voce sempre disposto e presente. Parecce que voce esta muito bem e seguindo sua vocacao, conforme aparece aqui na entrevista. Parabens!!
Vamos nos rever.]
abracao
eduardo bomfim

PASQUAL said...

Olá Bomfim!

Tenho tido notícias suas pelo Pavanini, também tenho boas recordações das nossas visitas conjuntas, saudades não muito, estou bem e realizado no novo papel.

Forte abraço!

Lilian Guimaraes said...

João,

Estive com boa parte do meu grupo de Formação em Coaching do Ecosocial e ouvi comentários sobre sua entrevista e vim espiar. Ficou ótima mesmo. Fico muito feliz e orgulhosa por sua trajetória.
Desejo cada vez mais sucesso!
beijo grande, Lilian

PASQUAL said...

Lilian,

me sinto honrado com os seus comentários, você sabe que para mim é importantíssima sua opinião, nesta minha nova viagem.

Sucesso! Estamos juntos,

Beijo carinhoso, João Luiz

Zilá Arruda Agriel said...

João,

Bela entrevista. Bom tê-lo por perto.
Abraço!
Zilá Arruda Agriel

PASQUAL said...

Zilá, agradeço o seu comentário.

Também me sinto super bem tendo você por perto.

Beijo carinhoso!

João Luiz Pasqual