Wednesday, May 27, 2009

Entrevista com Edson Fregni



Cia do Coaching: Olá Edson, dois itens antes de começarmos a entrevista
O Blog Companhia do Coaching recebe de braços abertos e sorrisos largos, a sua contribuição e o seu prestígio. Prestígio traz quem o tem. Em segundo lugar, gostaria de agradecer o Líder Coach que você sempre foi e claro, por ter provocado em mim a aproximação com o tema, que mudou o rumo da minha vida. Antes de tudo, pessoalmente, agradeço por ter cruzado o seu caminho e a sua interferência.
Cia do Coaching: Sempre começo a entrevista perguntando ao entrevistado como gostaria de ser apresentado, assim sendo, por favor, fique à vontade para fazê-lo.


Sou professor universitário. Como parte da minha atividade de engenheiro, tornei-me administrador de empresa. Nessa vertente, envolvi-me na criação de algumas empresas – acho que é isso que faço melhor e com mais gosto. Minha última criação é a Sciere Consultores Associados onde sou Diretor Presidente.

Cia do Coaching: O CV completo, e riquíssimo, do Edson Fregni está na página http://www.sciere.com.br/socios
Cia do Coaching: Assisti pessoalmente, até mesmo antes dos Programas de Desenvolvimento de Lideranças, a sua indicação de processos de coaching para os seus executivos diretos. De onde vinha, num tempo que isso tudo nem tinha tanta visibilidade, essa sua preocupação com o desenvolvimento de pessoas?


Sou da opinião que a principal função de um administrador é construir equipes e organizar o trabalho. Um administrador monta uma máquina feita de pessoas e processos e ferramentas. Minha visão de pessoas é intuitiva, baseada nas minhas próprias limitações e competências. Tive uma experiência de coach muitos anos antes, quando presidia a Scopus. Por anos essa pessoa me acompanhava em reuniões e me dava feedback do meu comportamento. Ajudou-me muito. Impulsivo e intuitivo que sempre fui, esse trabalho ajudou muito. Existem dois planos de pensamento na minha opinão: o racional e o intuitivo (o inconsciente, movido pelas emoções). O trabalho do coach se insere no pensamento inconsciente enquanto que o estudo, o aprendizado intelectual, se insere no pensamento racional. A força do coaching é exatamente onde se insere e equilibra o que está visível com o que está submerso. O mais difícil para nós clientes é o insconsciente que nos ajuda e atrapalha. Todos precisamos de coaching. Sempre.

Cia do Coaching: Lembro que, no meu caso, as 10 sessões de coaching que você me presenteou, disse claramente que não queria saber dos resultados. Hoje, como Coach, isto me intriga. Poderia explicar essa questão dos resultados que é tão relevante nos dias de hoje? (ou era apenas uma forma sua, ´diferenciada´, de obter os resultados?)

Provavelmente eu estava lhe dizendo que a privacidade desse trabalho estava garantida. Eu acredito que a garantia da privacidade, dada tanto pelo coach quanto por quem contrata o trabalho, é requisito fundamental para o sucesso do trabalho.
Cia do Coaching: Com certeza, o que você disse é que havia uma garantia na privacidade.

Cia do Coaching: Agora uma pergunta que sempre ouvi, de uma forma divertida até, mas quando os seus executivos diretos estavam no PDL, você reclamava. Soava-me um contra-senso, havia nisso um empurrão para o desenvolvimento e uma cobrança, ao mesmo tempo. Como você lidava com isso?

Isso, provavelmente porque era uma imposição do programa. Acho que coaching (como analistas e terapeutas) são escolhas individuais e não impositivas. Por outro lado, controlador (e ciumento da minha equipe), tinha dificuldade em aceitar a ingerência de empresas contratadas nas nossas questões internas. Deve ter sido isso.

Cia do Coaching: Queria voltar aos resultados. Quais foram os resultados que você reconheceu na sua equipe que passou pelo processo de Coaching?

Mais sensíveis e mais conhecedores de suas dificuldades. Em alguns casos não teve efeito algum. Em outros foi muito importante. As empresas modernas, em particular as grandes empresas, exigem muito dos gerentes. Eles precisam saber articular-se com muitos pares e lidar com diferenças de opiniões e de atitudes. Estamos o tempo todo desafiados pelas relações com outras pessoas. Discutir a relação tornou-se importante. É com o coach que se discute as implicações/consequências dessas relações.

Cia do Coaching: Hoje existe uma variedade de processos de coaching: executivo, business, de vida, ontológico, pnl e por aí vai. Você sabe distinguir o que é adequado para seus executivos? Qual é a sua dica para não entrar num processo que não dá resultados?

Não sei. Tenho apenas um conhecimento instintivo dessa ciência. Para mim, ser gerente numa empresa tornou-se muito difícil. Lidar com pessoas numa empresa é um enorme desafio. Precisamos de ajuda – para conhecer nossas dificuldades e formular maneiras de lidar com elas. Por isso, a escolha do processo de coaching é antes de mais nada de alguém sensato e sensível, que conhece o mundo empresarial, conhece as dificuldades humanas, e que consegue chegar no coração dos seus “pacientes” (odeio a palavra coachee). Se o coach é administrador experiente, psicólogo, filósofo etc., acho que é secundário.

Cia do Coaching: Você sempre buscou Coaches de fora da empresa. Agora, atuando em um setor mais específico, tem utilizado esse processo com os seus colaboradores?

Não ainda. Somos uma empresa pequena. Empresa pequena tem mecanismos particulares de lidar com as dificuldades individuais. O grupo exerce um poder de coach naturalmente. Não acha? Quando crescermos, já sei onde vou buscar ajuda...

Cia do Coaching: Estamos num momento de crise, parece-me que, no Brasil, num nível até menor que em outros países. Classicamente, desenvolvimento de pessoas são as primeiras verbas a serem reavaliadas em situações com essa. Como você percebe esta questão tendo o trânsito que tem nas empresas?

Sim. Verbas de treinamento foram enxugadas. Desenvolvimento profissional parece que foi tudo congelado. Exceto o treinamento operacional, que é uma necessidade de trabalho – esse existe. Não sei dizer do mercado de coaching – é algo que tem estado distante do meu cotidiano.

Cia do Coaching: Edson, na última convenção internacional do ICF (International Coaching Federation) foi dito que há uma tendência de um Coach vestir dois chapéus: o do Coach e o do Consultor/Mentor, dependendo do caso. Em coaching de equipe com integrantes mais jovens, o segundo chapéu tem sido praticado. Qual é a sua visão do Coaching neste formato, com esta tendência?

Para mim, esses papéis sempre deveriam andar juntos – seria o ideal. Pessoalmente exerço funções de “mentoring” para executivos de TI. Deixo sempre claro que nada entendo do mundo dos coaches. Mas vejo que os aspectos não técnicos estão sempre presentes de maneira quase indissociáveis.

Cia do Coaching: Assim como outras formações que se proliferam rapidamente, com o Coaching está acontecendo bastante, basta colocar no Google e pesquisar, a resposta é um número infindável de formações. Você tem critérios para seleção de Coaches?

Quem contrata tem que conhecer pessoalmento o coach, ou receber recomendação. Depois precisa degustar para confirmar. Além disso, a cada dia se renova o contrato.

Cia do Coaching: Edson Fregni. Obrigado pelo seu tempo, pela clareza, pela precisão cirúrgica nas respostas, e, claro, pela valorização do ofício do Coach. Saiba que você foi e é meu Líder Coach exemplo. Uma vez mais, obrigado. Claudio Pavanini

Claudio Pavanini foi um prazer. Pena que a vida corrida nos torna suscintos. Grande abraço.

3 comments:

fatima.patz@uol.com.br said...

Eu vivenciei um processo de coaching patrocinado pelo Edson, o qual trouxe muito aprendizado e me ajudou a direcionar melhor minha carreira. Agradeço ao Edson por esta oportunidade.
Claudio : parabéns pela entrevista.

miki w. said...

também venho agradecer ao edson e ao pava pelas inúmeras oportunidades de aprendizado e coach ao longo da minha antiga carreira.

embora hoje eu esteja num rumo radicalmente diferente, carrego comigo muitos dos ensinamentos que já me ajudaram, continuam me ajudando e, tenho certeza, me ajudarão na construção não só da minha carreira, mas da minha vida.

pava foi meu primeiro chefe, é meu melhor amigo e me ensinou e continua ensinando muitas coisas e eu tenho o maior orgulho dele. pava, quando eu crescer, quero ser como você!

edson, não fique ciumento porque vc tb mora no meu coração!

beijos carinhosos, miki

Eduardo Bomfim said...

Edson suas respostas ajudam nos a pensar sobre coach. Uma de suas respostas voce coloca que nao gosta da palavra coachee, eu tambem nao, mas nao tambem nao acho que seja paciente, prefiro performer por entender que ele é quem vai correr atras e buscar mudancas. Outro raciocinio que traz é a respeito de juntar o racional e o emocional e concordo que o coach pode ser sim a pessoa que pode ajudar o profissional a performar melhorar em varios papeis e posicoes de sua vida.
muito obrigado por suas opinioes e seria um prazer te lo em algum dos nossos encontros do nosso grupo de estudo.
abracos,
eduardo bomfim