
Cia do Coaching: Eduardo, como você gostaria de se apresentar nesta entrevista?
Olá, meu nome é Eduardo Bomfim, paulistano, casado, pai de gêmeas, 49 anos, engenheiro mecânico formado pela Mauá, administrador de empresas formado pelo Mackenzie e GV, MBA pela Business School São Paulo, e desde dezembro de 2008, Coach formado pelo Instituto EcoSocial. Trabalho em banco desde 1985 tendo iniciado minha carreira no Banco Auxiliar onde fiquei um ano, depois no Banco Francês e Brasileiro que trabalhei por 12 anos, saí quando da aquisição pelo Banco Itaú. Entrei no Banco Sudameris que foi adquirido pelo Banco Real e nos dois bancos fiquei mais 12 anos. Agora componho o quadro de funcionários do Grupo Santander. Atualmente sou responsável pela Superintendência do varejo do Banco Real em Campinas, tenho diretamente ligado a mim, três dezenas de gerentes gerais responsáveis por agências bancárias e duas centenas de gerentes de contas que compõem toda a equipe comercial.
Cia do Coaching: Sei que você tem investido bastante na questão do líder coach. No Banco Real você tem conseguido aplicar esta sua, digamos, ´vocação´?
Desde 2003 quando o Banco Real adquiriu o Sudameris tive contato com ferramentas de levantamento de competências pessoais e treinamentos como o Programa de Desenvolvimento de Liderança. Tive contato com técnicas para identificar o perfil de motivação de funcionários, desenvolvido por Maclleland, também técnicas de como influenciar pessoas e sessões de coaching, que vieram me transformando. O curso de formação de Coaches tornou-se um divisor de águas na minha vida profissional e pessoal, ajudou a clarear os meus valores pessoais e minha missão, que é ser um Gestor Coach, desenvolver negócios e pessoas´. Portanto, tenho um ambiente de trabalho adequado para o meu desenvolvimento no banco, que tem forte impacto e convergência com a linha que o banco adota, no sentido de desenvolver suas lideranças e, consequentemente, expandir para todos os colaboradores.
Cia do Coaching: Tendo muitas pessoas reportando-se, direta ou indiretamente para você, como você tem aplicado as suas ações? Tem formado replicadores?
Para aplicar meus novos conhecimentos tenho aproveitado as situações que vão surgindo no meu dia a dia. Vou te dar o exemplo de um gerente geral que é responsável por uma agência e que avalio como um bom profissional, porém com algumas queixas ou questões trazidas para mim que me despertaram para o uso das técnicas aprendidas no programa de formação de coaches. As questões eram: falta de conhecimento e práticas de liderança, ausência de autoestima, definição do seu papel em algumas situações profissionais e pessoais. Convidei o profissional para realizarmos um trabalho de coaching e após oito sessões, posso lhe afirmar, com base no feedback dado por ele, que o profissional atual é melhor para a empresa, mais produtivo e também um individuo mais realizado na sua vida pessoal. Além disso, tenho ficado atento para situações que posso usar as técnicas do coaching, mesmo não estando numa sessão. Assim, consigo envolver mais profissionais no processo, sem necessariamente ter todo o processo realizado em 8, 10 ou 12 sessões de coaching. Tenho outros exemplos de profissionais que também tinham questões que foram melhoradas, mas entendo que o exemplo dado é suficiente. Quanto aos replicadores, este não tem sido meu objetivo, porém, sua pergunta é pertinente e verificarei se os profissionais com os quais já trabalhei estão atuando mais como um líder coach com suas equipes, após termos feitos nossas sessões. Enfim, talvez uma checagem dos aprendizados e resultados.
Cia do Coaching: Como você maneja essa questão de replicadores X metodologia? Você os ensina ou os deixa livres para serem coaches também?
Como lhe disse acho muito pertinente sua questão, porém ainda não a trabalhei. Certamente, ficarei mais atento e voltarei a esta resposta no blog da Companhia do Coaching.
Cia do Coaching: Resultados que é um das perguntas que gosto de fazer: como têm sido? Você poderia dizer um pouco mais no geral e também nas suas equipes?
Tenho percebido que os funcionários se tornaram mais produtivos em campanhas, resultados de receitas, entre outros. E tambem tem resultados intangíveis como: a melhoria do ambiente de trabalho, o aumento dos vínculos com estes funcionários, descoberta de líderes que estavam encobertos, reter talentos, enfim, são alguns resultados que consigo perceber.
Cia do Coaching: Reconhecimento é algo que você tem percebido? As equipes ficam mobilizadas?
Sim, sem dúvida. Tive um reconhecimento público no final do ano passado quando a diretora executiva de DH do Grupo Santander Brasil, numa reunião com todos os diretores e todos os gerentes gerais do Banco Real, ou seja, perto de 1.500 pessoas, ressaltou o trabalho de Líder Coach que venho realizando com a minha equipe. Além disso, vários funcionários da equipe em Campinas têm manifestado vontade de participar do processo comigo, resultado das conversas com os outros colegas da equipe entusiasmados com os resultados obtidos. Em alguns casos de feedback formal, os funcionários manifestam também interesse em participar do processo.
Cia do Coaching: O seu RH, que na sua instituição chama-se DH (Desenvolvimento Humano), que acho mais apropriado, te apoia de alguma forma? Quais? E a sua Diretoria? Você tem oportunidades de mostrar suas experiências positivas?
Acho que esta pergunta está respondida no início de nossa entrevista. Entendo que o banco, por meio do DH é o responsável pelo estágio onde estou. Minha diretoria direta me apóia nas iniciativas e incentiva a mostrar as ações para os meus colegas.
Cia do Coaching: Você está num voo solo, ou há na empresa outros que têm no seu dia a dia a questão do líder coach?
Minha diretora direta está fazendo o programa de formação de Coaches do Instituto Ecosocial. Além dela, o diretor executivo de varejo fez esta formação, assim como a diretora executiva de DH. Teremos outras pessoas nesta formação e, à medida que formos incluindo isto no nosso dia a dia e percebermos a diferença que faz, poderemos ampliar.
Cia do Coaching: Existe um ´beabá´ que você gostaria de dividir com outros líderes? Estamos num blog aberto e podem surgir questões compartilhadas com outros líderes e coaches. Como isto funcionaria para você, que já deve ter uma agenda lotada?
Sim tenho usado um processo que tem ajudado como espinha dorsal do meu trabalho. A sequência deste processo é a seguinte: contratação, autoconhecimento, usando algumas ferramentas que o Banco disponibiliza aos nossos funcionários como MEP, MBTI e outras aprendidas no programa de formação, ou com os colegas de grupo de estudos como setênios, círculo da vida, levantamento de valores, visão de futuro, plano de ação e avaliação do processo. Lembro que, como coach, procuro colocar o coachee em movimento e em todas as sessões, ele leva lição de casa.
Cia do Coaching: O que você anda lendo, estudando, discutindo, assistindo para se enriquecer? Gostaria de recomendar algo que seja essencial para os envolvidos em coaching?
O assunto coaching é bastante abrangente e através do grupo de estudos do qual faço parte, tenho participado de vários estudos como: sabotadores, motivadores, coaching em equipe, coaching interno, gestão do tempo, feedbacks, análise transacional, o trabalho. Tudo isso tem importância e espaço dentro do tema coaching, por isso sugiro aprofundamento dos estudos.
Artigos da Harvard Business Review sobre o David Maclleland
Livros:
´O Poder da Inteligência Emocional ´, do Daniel Goleman. Aqui o leitor poderá verificar como um líder pode usar as emoções, tanto para o bem e para o mal.
´O Trabalho como Mestre ´, do Arnaud Maitland. Neste livro pode-se encontrar dicas de como usar o trabalho para melhorar habilidades, para se tornar mais feliz e para gerir melhor seu tempo.
´Os Dez Mandamentos da Ética ´, do Gabriel Chalita. Aqui o leitor entrará em contato com a ética de Aristóteles trazida para uma visão dos tempos atuais.
Filmes:
´Quando Nietzchie Chorou´. Baseado no livro com o mesmo título. Nele o espectador poderá enxergar os benefícios da cura pela fala.
´Almas em Chamas ´. Neste filme será possível identificar vários tipos de perfis baseados na teoria de Maclleland.
´Doze Homens e uma sentença´. Um filme antigo com Henry Fonda, que é um excelente exemplo do poder da influência.
Cia do Coaching: O que você tem feito para manter seu “instrumento afinado”?
Estou num curso sobre Formação de grupos, ministrado pela SBDG (Sociedade Brasileira da Dinâmica dos Grupos); este curso tem permitido que eu tenha contato intenso com o tema, uma vez que a interação diária com grupos me é uma constante diária. Além disso, leituras voltadas para o tema Coach têm me atraído e tenho alguma tarefa de casa para realizar como a leitura de: “O Poder das Relações Humanas” de Daniel Goleman , “ Liderança em foco” de Mario Sergio Cortella e Eugenio Mussak , “ O Caminho da Habilidade”, de Tarthang Tulku e “ A Tríade do Tempo” de Christian Barbosa.
Cia do Coaching: Algo ficou pendente que você gostaria de colocar na sua fala de encerramento?
Acho gostaria de acrescentar duas questões:
a) A escolha das pessoas que irão participar do processo de coaching comigo.
Como sou o gestor e tenho um recurso escasso que é o tempo, sabia que não seria possível trabalhar com todos ao mesmo tempo. Suspeitava também que isto poderia gerar algum sentimento não muito favorável no grupo, entretanto, cheguei a conclusão que não poderia deixar de aplicar a metodologia que acredito. Hoje confirmo que os resultados obtidos valeram á pena e sigo em frente assumindo o risco. Para elencar os funcionários procurei por pessoas que tem bom perfil comercial e gestão de pessoas, percebidas nas avaliações de desempenho e também alguns comportamentos que precisavam autodesenvolver. A partir daí iniciei o trabalho de coaching com cada um deles e venho aplicando no nosso dia a dia.
b) A reação dos funcionários ao serem “convidados“ a participar deste processo com o chefe direto. E também a minha reação com alguma recusa em participar do processo. Além disso, ainda pode ter questões pessoais que são tratadas no processo, e, claro que não deveriam interferir no dia a dia.
No início não tinha realmente este cuidado em realçar que eles não precisam aceitar a participação devido a minha condição hierarquica, entretanto, nos últimos convites tenho tido mais cuidado quando converso com eles, mas confesso que como a iniciativa de convidar tem sido minha, entendo que, por ser o chefe, é um motivador para aceitarem. Se eles recusarem o convite, entendo que devo agir com naturalidade, pois é realmente uma questão pessoal e exigirá maturidade de minha parte aceitar essas decisões. Quanto às questões pessoais, estabelecer uma TENDA DA CONFIANÇA é fundamental. Neste aspecto tenho uma marca que construí ao longo dos meus 12 anos de banco e 24 anos de trabalho, sendo bastante profissional, ético e justo nas ações, entendo que isto tem contribuído para que os profissionais que estão fazendo este trabalho comigo se sintam confortáveis em abrir questões pessoais.
Cia do Coaching: Quais são seus próximos desafios?
O meu desafio é atender a minha missão que é ser Gestor Coach, Desenvolver negócios e pessoas, sem deixar de dar atenção a minha família, dando equilíbrio na minha vida.
Cia do Coaching: O blog Companhia do Coaching agradece a sua entrevista.
Obrigado pela oportunidade e até a próxima. Espero que tenham questões dos leitores e, claro estarei disposto para responder.