Monday, January 25, 2010

Companhia do Coaching entrevista Djane Sant´Anna


Cia do Coaching: Djane, este espaço inicial é para a apresentação do entrevistado, assim, fique à vontade:

Sou Djane, sou formada em psicologia, pós-graduada em Administração de Empresas, fiz especialização em Gestão do Conhecimento, MBA em RH, sou Coach pela Marcondes e Consultores, ICI e Instituto Ecosocial, tenho Formaçâo em Dinâmica de Grupos pela Sociedade Brasileira de Dinâmica de Grupos (SBDG) e ano passado terminei a Formação de Consultores na Adigo.
Há 25 anos trabalho com Desenvolvimento de Pessoas, seja como consultora interna em empresas que trabalhei e na ID&S, minha própria consultoria desde 2002.


Cia do Coaching: Nos conhecemos em 2004 no MBA RH e você já dirigia a ID&S Consultoria. Poderia nos contar a essa sua trajetória até chegar ao coaching? Passando claro pela Escola de Negócios Integração que você dá aulas.


Iniciei a minha carreira em 1985 na Eletrocontroles Villares, passando por Indústrias Villares, desde esta época já trabalhava com grupos e estava em sala de aula ministrando Treinamentos. Em seguida, fui para a Sadia e comecei a trabalhar com nivel gerencial. Nesta época, comecei a ser preparada para fazer um trabalho de desenvolvimento individual com os Executivos da Empresa.
Nós havíamos contratado a Marcondes & Consultores Associados, que utilizava uma ferramenta chamada VECA (Verificação de Comportamentos Administrativos) e em sessões individuais montávamos com o Executivo um PDI – Plano de Desenvolvimento Individual, claro que nem se falava em processos de coaching nesta época, mas entendo que meu repertório e minha experiência como coach já havia começado.
Depois fui trabalhar na Net (TV a cabo) e tive o privilégio de conhecer a Ane Araújo e, efetivamente, começar meu processo de desenvolvimento como coach.
Também em meados de 1999 eu havia contratado a Integração Escola de Negócios, de cliente a consultora foi um pulo.
Meu primeiro trabalho na Integração foi um projeto de entrevistas individuais dos executivos da Mastercard para a confecção de PDI.
Além das aulas voltadas para o público de RH das empresas, eu faço tambem a Orientação de Carreira dos Alunos do MBA, claro que usando muitas das ferramentas do processo de coaching, num numero menor de sessões.
Sou consultora da Integração Escola de Negocios desde 2001.


Cia do Coaching: Neste ano você teve uma empreitada e tanto, a Jornada de Desenvolvimento, que foi bastante corajosa e inovadora. Agora, você deu um outro passo que são as Palestras mensais. Tenho 2 perguntas: Como surgiu a Jornada de Desenvolvimento, o porquê na mudança de formato e, aproveitando, o que está vindo por aí?

Estas coisas nunca acontecem por uma única razão. O ano passado começou com um cenário de crise e pouca perspectiva de grandes projetos, ao mesmo tempo o nosso grupo de consultores (que hoje você faz parte) estava vindo de anos intensos em grandes empresas como Grupo Medial, Hospital Israelita Albert Eisntein, SGS, Hospital Sirio Libanes, Prodesp etc.
Confesso que tinha uma preocupação com a motivação do nosso grupo já que no começo do ano os projetos diminuiram, era também a oportunidade de mostrar para um número maior de pessoas este grupo tão talentoso.
Além dos consultores da ID&S, desenvolvemos uma parceria com colegas de Formação de Coaches do Instituto Ecosocial.
A Jornada de Desenvolvimento foi a solução ideal, nos mobilizamos todos do grupo, pudemos fazer da Jornada uma grande vitrine e mostramos para nossos clientes outros temas como Missão de Vida, Coaching sob o ponto de vista do cliente, Poder, Autoridade e Influência, Gestão do Tempo, Criatividade e Inovação e Diligência. Foram 8 trabalhos e cada cliente teve a oportunidade de participar em assuntos diversificados, um pela manhã e outro pela tarde.
Esta foi a iniciativa do 1º semestre. Já no 2º semestre começamos com o Ciclo de Palestras, onde tambem era a oportunidade de manter relacionamento com clientes e oferecer palco para nossos consultores e parceiros como a Célia Marchioni, Zilá Arruda, Ana Lúcia Paíga e, para encerrarmos o Ciclo, uma Palestra com Jair Moggi que foi meu mestre na Adigo.
2010 começou num outro ritmo, fechamos projetos importantes com Nossa Caixa e Antilhas e outros projetos devem acontecer nos próximos meses, acredito que em março vamos retomar o Ciclo de Palestras.
Gostaria também de fazer uma nova versão da Jornada de Desenvolvimento.


Cia do Coaching: Ainda nesta questão de serviços que a ID&S Consultoria presta, ouvi você explicando outro dia que não tem produto de prateleira. Poderia, por favor, explicar um pouco para os nossos amigos e leitores.

Cada produto de educação e desenvolvimento que a ID&S faz é altamente customizado para a necessidade dos nossos clientes e ajustado a sua cultura e linguagem. Por exemplo, atendemos o Hospital Sírio Libanes com programas de Relacionamento com o cliente. Atendemos também a Medial, com o mesmo objetivo, mas são empresas diferentes, com processos e linguagem diferentes, sendo assim para cada empresa formatamos um produto de Educação e Treinamento ajustado com cases e exercícios alinhados à estratégia de cada empresa cliente.
Estamos também muito atentos as respostas dos participantes em sala e, se for necessário, mudamos todo planejamento para atender a esta necessidade específica.
No ano passado voce foi meu parceiro num projeto para uma empresa Angolana chamada Sonangol, e acompanhou nosso esforço em capacitar aqueles profissionais, mudando o nosso planejamento, acrescentado exercícios para reforçar a aprendizagem. É por isso que acho que a ID&S foge do rótulo de empresa de consultoria, prefiro nominar o grupo de consultores como artesãos que trabalham numa oficina de desenvolvimento.


Cia do Coaching: Fui seu coachee num processo de transição de cargo e fiquei encurralado com muitas das suas perguntas, algumas até bem simples (“Quantas vezes você almoça com seus Coordenadores?”), que me ajudaram muito (e isto é um depoimento!). Após o curso de Formação de Coaches, o que você mudou como Coach?

Primeiro, obrigada pelo depoimento!
Acredito que a Formaçáo do Instituto Ecosocial, foi um divisor de águas no que se refere ao meu desempenho como coach.
Tive a oportunidade de atender uma pessoa antes e depois da Formação e, muito mais importante do que a minha percepção é a percepção deste cliente.
Entre outras coisas, o feedback que recebi foi que o processo estava mais consistente, com exercícios mais mobilizadores e eu estava até mais `atrevida´ na forma de conduzir o processo.
A Formação me deu maior segurança como coach.
Havia muitas coisas que eu já fazia muito mais intuitivamente e agora faço intencionalmente, por exemplo, pesquisar a Biografia.
Antes de fazer a Formação, eu chamava de “rever a Bagagem de mão”, e hoje de forma mais estruturada eu consigo buscar Padrões de Comportamento e de uma forma mais eficaz meu coachee percebe o impacto destes padrões na sua vida.


Cia do Coaching: No último dia da Formação de Coaches, nos “despedimos” e cada um seguiu seu caminho. Que leitura você tem dos coachees nos seus lugares ocupados no mercado de coaching? E já emendando, o mercado muda e que “recado” você teria para os coaches?

Acredito que esta é uma profissão que atrai muitas pessoas até porque é uma profissão que tem certo glamour, isto sempre me preocupou. Às vezes encontro pessoas com pouca experiência em desenvolvimento, pessoas que fazem formações mais curtas e até pouco profundas, enfim, com pouco repertório e que decidem que serão coaches.
Hoje há no mercado uma oferta imensa de Programas de Formação em Coaches. Penso como será a absorção destes profissionais.Esta questão inclusive já foi abordada neste blog em entrevistas anteriores, concluo então que você também esteja preocupado com a questão.
Felizmente há também Instituições sérias como o Instituto Ecosocial que realmente formam profissionais comprometidos com o desenvolvimento de seus coachees.
Em sala de aula, nos Programas Desenvolvidos pela Integração, oriento na contratação de um Coach e as dicas são:
a. Pergunte onde, quando e carga horária da Formação do Coach
b. Peça contato com pessoas que ele já tenha sido o coach
c. Pergunte se ele já passou pelo processo de coaching
d. Pergunte se ele faz supervisão dos seus casos, e se fizer quem é o supervisor
e. Busque indicações.


Cia do Coaching: Um dos assuntos que vem rondando as mentes dos coaches é a Certificação Internacional. Sei também que você fez, como eu, o curso do ICI que é um certificador pelo ICF. Por um lado ouço argumentos como “Quem me certifica é o Cliente”, por outro lado, ouço que as empresas exigirão uma certificação e não mais somente referências. Como você vê esta questão?


Acredito que da mesma forma um médico tem um CRM, um psicólogo tem CRP e um Engenheiro tem um CREA, nós coaches precisamos de um número de registro e um órgão que certifique e regule.
Procuro registrar todas as horas de coaching com todos os clientes, peço autorização e aviso que em qualquer momento alguém do ICF pode entrar em contato para se certificar do processo e da forma como transcorreu.
O ICF garante que eu obedeço um código de ética e que tenho a competência técnica para exercer esta função, o meu cliente atesta a qualidade do serviço prestado.
Lembrando sempre que eu posso ter um estilo e uma forma de conduzir o processo que atenda uma pessoa, mas que não atenda outra. As pessoas são diferentes e podem ter maior ou menor possibilidade de êxito no processo, independente da competência do coach.
Hoje, tenho coachees que me indicam para no mínimo 3 pessoas e sempre que há uma indicação tenho um cuidado maior em ajustar expectativas, pois posso ter sido hábil com uma pessoa e não ser com outra.
Então, acredito que o ICF deve sim regular e certificar, e que meu cliente pode sim atestar a qualidade do meu trabalho.
A minha meta é conseguir a certificação.


Cia do Coaching: Sempre pergunto sobre a crise que começou em 2008, e gostaria que você nos contasse a sua percepção, tanto no seu escritório quanto sua percepção de mercado, em relação aos processos de desenvolvimento, incluindo coaching.


Diferente de outras consultorias que conheço, nós da ID&S no primeiro semestre tínhamos projetos que não foram interrompidos, são projetos que já tinham sido contratados em 2008 e foi dada a continuidade sem muitas novidades. Em compensaçao para processos de coaching pessoa fìsica eu percebi um aumento de 40%.
No 2º semestre, esta tendência permaneceu, com pequenas alterações, e no último trimeste muita movimentação de propostas e reuniões, mas que só estão se consolidando no início deste ano.
Este ano, há possibilidades concretas de fechamento, incluindo um processo de desenvolvimento de uma empresa inteira, com Palestras para pessoal operacional até processos de coaching para 30 executivos, passando por eventos de desenvolvimento em sala de aula e coaching de equipe.


Cia do Coaching: Djane, outra pergunta clássica aqui no Blog, tem algum conselho para empresas que oferecem programas de coaching para seus colaboradores? E já emendando, como você percebe o desenvolvimento do Coach Interno nas empresas?

Acho que além dos cuidados que já mencionei a respeito da contratação, hà uma ação que faço e que tem dado bons resultados. Ano passado fui contratada por uma empresa para 10 sessões com um de seus executivos. Fui indicada pela gestora desta pessoa e o RH acolheu a indicaçao.
Tomei um cuidado que foi importante durante todo o processo, no contrato combinei que o coachee faria relatórios a cada 3 sessões e enviaria para mim, para o RH e para a gestora. Este processo garantiu que ele colocasse no relatório apenas o que ele queria que fosse divulgado e tanto o RH como a gestora eram informados da evolução.
Isto garantiu ao coachee toda confidencialidade e ao RH e gestora, informação sobre a evolução do processo. Esta pequena ação fez com que o RH me contratasse para outros processos, pois segundo o RH nenhum outro coach teve esta preocupação em envolver o RH e o gestor no processo, ao mesmo tempo que o coachee só divulga o que ele quer.
Na minha trajetória profissional eu fui coach interna na Net. Hoje percebo que a minha atuação sempre esbarrava numa linha tênue da confidencialidade e credibilidade.
Vejo que em algumas empresas esta figura do coach interno já é uma realidade, e acredito que o sucesso depende do acordo, do contrato e da expectativa de cada coachee, de cada gestor e do próprio coach.


Cia do Coaching: Outra questão quase permanente aqui é a questão de resultados e métricas. Você poderia dar algum conselho sobre esse assunto tão relevante?

Depois da sessão de contratação, a sessão de exploração da questão traz como resultado as métricas.
Esta sessão é de fundamental importância, constantemente no processo checamos o quanto estamos perto, ou longe, do que o coachee estabelece como objetivo a ser perseguido.
Você comentou que durante o seu processo de coaching eu cheguei a te perguntar quantas vezes você almoçava com sua equipe.
Esta pode ser uma métrica. Lembro de um cliente que estava trabalhando seu relacionamento interpessoal com sua equipe e na sessão de métricas ele brincou dizendo que se três pessoas lembrassem do seu aniversàrio seria um indicador que estávamos no caminho certo (ele trabalhava há 16 anos nesta empresa e sempre saia em férias no aniversário para evitar o constrangimento de ninguém lembrar da data. Pois neste ano, ele saiu em férias, mas o grupo ligou para ele e cantou “Parabéns a você”. Ele me ligou emocionado dizendo que esta era a prova que estávamos no objetivo.
Esclarecer a métrica é fundamental para que o próprio coachee possa perceber a sua evolução, perceber a sua mudança de comportamento e estabeleço também a premiação, a comemoração para este momento.
Não é nada complicado, é só trabalhoso, pois na nossa cultura esperamos sempre que a métrica seja algo absolutamente surpreendente e na maioria das vezes é na simplicidade que está a grande diferença.


Cia do Coaching: Que tipos de questão os coachees teem trazido para você?

Atualmente atendo 16 pessoas físicas, destas, 12 procuraram o processo de coaching para transição de carreira.
Falo destes processos, porque são pessoas que espontaneamente, com seus próprios recursos buscam coaching. A disposição e abertura para o processo se mostra diferente daquelas pessoas que as empresas buscam o processo com o objetivo de melhorar sua competência de liderança, sua habiidade de se relacionar, de delegar etc.
Hoje a grande questão é o grau de satisfação com a carreira.


Cia do Coaching: Alguma questão, algo que você gostaria de chamar atenção, para este universo de coaches, coachees, potentials, processo de coaching, formações?

Acho que a grande questão do momento é transição de carreira, é a satisfação das pessoas com suas escolhas profissionais, a possibilidade de mudança e a busca incessante da felicidade.
Saber que é possivel mudar e da importäncia de buscar seu talento e satisfação.


Cia do Coaching: Gostaria de recomendar algo relevante que esteja a lendo, estudando, discutindo, assistindo, para o desenvolvimento contínuo? Gostaria de recomendar algo considera para os interessados na causa Coaching?

Acho que só de saber que o desenvolvimento é contínuo, que estamos sempre buscando a excelência e que poderíamos usar uma placa avisando “ser humano em construção”.
Gosto muito de uma frase do Mário Sérgio Cortella que diz que “não nascemos prontos”. A cada ano busco uma forma de desenvolvimento, este ano elegi me aprofundar no tema Liderança. Estou lendo o livro “Pipeline de Liderança” de Ram Charam e vou participar dos programas do Oscar Motomura.


Cia do Coaching: O Blog Companhia do Coaching agradece a sua contribuição.

Agradeço esta oportunidade e te parabenizo pelo serviço que presta a nossa comunidade de coaches, com as discussões e com a qualidade das entrevistas que vocë tem trazido para o blog.

3 comments:

Unknown said...

Prezada Djane, li sua entrevista e gostei muito da sua trajetória e forma de trabalhar com Coaching. Quero deixar um questionamento: qual a sua opinião sobre se ter um laudo sobre a personalidade do coachee nas mãos do Coach, antes de começar o processo? A premissa para se responder esta pergunta é trabalhar com um teste não de TIPOLOGIA (os mais conhecidos) e sim que mede realmente os TRAÇOS da personalidade e aprovado pelo CFP.

Um abraço,
Oswaldo Ogihara

Anonymous said...

Oi Oswaldo!
Muito boa a sua pergunta...
Eu particularmente não aplico testes, mas é muito comum que meus coachees tragam seus perfis para as sessões e trabalhamos aqui principalmente quando olhamos a "bagagem de mão".
Ultimamente o que tem chegado são MBTI , DISC e algumas avaliações 360 graus.
Quando o cliente traz, mostra que o teste fez sentido para ele, que há uma conexão.
Acredito muito que o processo traz transformações naquilo que é possível, naquilo que há crença do coachee...
Mostrar como o indivíduo é, ou seja seus traços de personalidade ajuda muito no autoconhecimento, mas não muda comortamento.
Você conhece a síndrome de Gabriela? Eu nasci assim, eu cresci assim , vou ser sempre assim?
Temo um pouco o conformismo...
A grande trabsformação acontece quando o indivíduo percebe sua potencialidade, ou seja, não só aquilo que eu sou, mas o que eu posso fazer com isso?
Neste sentido o teste é mais uma ferramenta.

Um grande abraço

Djane

Unknown said...

Que legal que você compartilha da mesma posição!

Acrescento, em caráter de informação: vc mencionou dois testes TIPOLÓGICOS: MBTI e DISC. eles não fazem parte da lista de testes aprovados pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia). Veja link: http://www2.pol.org.br/satepsi/sistema/admin.cfm?lista2=sim , um deles inclusive REPROVADO!

Qual a diferença entre testes TIPOLÓGICOS e a a teoria dos TRAÇOS? Resposta: As tipologias rotulando as pessoas em uma categoria ou em outra, permitem ter uma visão rápida dos indivíduos. Quanto aos traços, descrevendo perfis, permitem diferenciar duas pessoas parecidas.
Por isso em todos os trabalhos de RH, seleção, aconselhamento, coaching, desenvolvimento, etc, é recomendado uma análise detalhada dos perfis dos traços. Posso dizer que com os TRAÇOS de personalidade da pessoa, a "fotografia" é mais fina, e bem mais profunda dos que os que medem TIPOS.

Ainda em caráter informativo: o Ceppe há 35 anos mede os traços de personalidade de profissionais. E em Out/09 lançamos a nossa avaliação de potencial ONLINE, para facilitar e atender nossos clientes fora de São Paulo, ajudando-os na otimização de custos e tempo.

Um forte abraço!
Oswaldo Ogihara
www.grupoceppe.com.br